Para
se proteger das hordas de zumbis que dominaram a Terra, um grupo de humanos -
liderado pelo policial Rick Grimes - busca refúgio no prédio de uma antiga
prisão de segurança máxima.
Mas, lá dentro,
acabam deparando com um bando de ex-detentos.
Positivo/Negativo: Por muitos anos, a Image Comics foi sinônimo de quadrinhos ruins. A fama não
é injusta: o material que a casa publicou nos anos 90 era majoritariamente
deplorável.
Mas a situação
mudou há alguns anos, e logo em sua origem a editora HQM percebeu que
ali havia um nicho de mercado a ser explorado. Acabou optando por duas séries: Os Mortos-Vivos e Invencível - de um então
escritor emergente, que vinha fazendo algum sucesso nofandom norte-americano.
Na época, o
burburinho em torno de Robert Kirkman estava chegando ao Brasil. Sua fama era
de ser adorado pelos fãs mais radicais por fazer histórias simples, mas muito
empolgantes - tanto em suas séries próprias quanto em alguns títulos da Marvel
Comics.
Quando o primeiro
volume de Os Mortos-Vivos saiu aqui, veio a confirmação: Kirkman e seu
então desenhista Tony Moore tinham mesmo uma bela série em andamento. Era uma
história de terror como há tempos não se via por aqui. Pra resumir: um misto de
filme "B" com uma prolongada HQ da EC Comics. Ou seja:
empolgante é pouco!
A boa nova é que,
neste terceiro ato, Os Mortos-Vivos não perdeu a sua força. Pelo contrário:
ganhou novo fôlego com a reviravolta da chegada do grupo de refugiados à prisão.
Agora que os sobreviventes
estão bastante protegidos dos zumbis e que contam com um bom estoque de
alimentos, não são mais obrigados a correr e fugir. E, pela primeira vez, têm
tempo para olhar para si.
Kirkman aproveita a
ocasião para fazer seus personagens encararem aos outros e a si mesmos,
contemplando o efeito que o putrefato novo mundo que surgiu exerce sobre eles.
É aí que o cenário
da prisão ganha relevo. O prédio poderia ser um bunker ou um quartel
do exército. A proteção seria a mesma. Mas não é: Kirkman os joga em um
presídio, com direito a ex-detentos.
Assim, os
refugiados (em tese, mas só em tese, gente boa, honesta) precisam encarar gente
condenada por uma justiça que nem mesmo existe mais. E, em um mundo em que a
união é fundamental, a desconfiança surge com toda a força.
É combustível de
sobra para um álbum - deve ser por isso que a leitura flui tão rapidamente.
Como sempre, é
preciso chamar atenção para o cuidado que a HQM dedica à série. Apesar de a arte ser
originalmente em preto-e-branco, a editora tem o bom hábito de reservar um
caderno em cores para publicar a arte das capas da revista norte-americana. Há
também um extra nacional: o posfácio de Sidney Gusman, editor-chefe deste Universo
HQ.
A única restrição
ficaria para o formato, ligeiramente menor que o original, o que faz alguns
leitores torcerem o nariz. Mas, a rigor, a arte de Adlard não é prejudicada
pela redução - e, convém lembrar, esse tamanho mais econômico já foi aprovado
pelo público brasileiro.
O tempo passou. Na
cola da HQM, outros títulos do catálogo da Image já foram
publicados no País por outras editoras. Mas Os Mortos-Vivos continua
sendo uma das séries mais empolgantes do mercado.
Título: OS
MORTOS-VIVOS - VOLUME 3 - SEGURANÇA ATRÁS DAS GRADES (HQM Editora) - Edição especial
Autores: Robert Kirkman
(texto), Charlie Adlard (arte) e Cliff Rathburn (tons de cinza).
Preço: R$ 29,90
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Junho de 2008